segunda-feira, 18 de abril de 2011

A fada e o beija-flor

Ela dá sentido e cadência ao espaço, com pouco mais de 1,70cm. Respira impaciente e fita todos os redores. Sorri na alegria e o mesmo vale pra tristeza, porque a hora se arrasta contra o desejo. A malha branca, o colete e a calça jeans se adaptam aos traçados, curvas e rotas.


Brinca com a caneta enquanto descansa o delicado braço sob a mesa. Uma mão domina a outra, rezam, e expõem o vermelho rubro da beleza. O cabelo louro exibe e esconde a raiz negra, e a rosa xuxinha o apreende sem medo. Mesmo assim, ele avança, corre e roça as costas.

Sorriso que revela o brilho e as cores do olimpo. Brincos que procuram sabor exótico no colar do pescoço. Exala o mais perene e divino dos perfumes. Esmeraldas de nobre realeza aos pés. A sutileza dos passos, o desfile irreverente, a classe esnobe, vem que vem.


A marca de nascença enamora o lábio suntuoso, e o tutti fruti mora na boca. O nariz delicado medeia as sobrancelhas que se apaixonam. Linhas de face, testa cristalina, covinhas do sorrir, alma, coração, fim, meio e início.


Dois jamelões no lugar da íris, o foco esporádico e a saída. A pele eternamente banhada pelo tom incomparável do sol.


A respiração irritada e o riso contido reaparecem, deixa-a ir, não se pode aprisionar as musas.(Paulo Roberto Ribeiro)